Saúde Doentia – Podcast #37
O que a busca doentia por uma saúde perfeita pode gerar. Saiba mais no 37º episódio da série Reflexões de um YogIN Contemporâneo.
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Beethoven
Transcrição
Saúde Doentia – Podcast #37
Olá, o meu nome é Daniel De Nardi e está começando o 37º episódio de “Reflexões de um YogIN Contemporâneo”, um podcast semanal a respeito do yoga e falamos muito, também, sobre música clássica.
Você ouve ao fundo a Sinfonia Imperador, de Beethoven. Ele já apareceu outras vezes aqui com a 6ª Sinfonia, que é a Pastoral, e com a famosa 5ª Sinfonia. Beethoven dá continuidade a uma linha sucessória de compositores que tenho trazido aqui, como exemplo, no podcast. Então eu trouxe Haydn que era contemporâneo de Mozart, eles viviam na mesma cidade, trocaram muita informação, se conheciam. E, depois, Mozart falece um pouco antes e nesse tempo aparece Schubert, que é uma figura que estudou com Haydn e com Salieri, que era outro compositor da época e, no meio termo, surge Beethoven estudando com Haydn, com Salieri e conhecendo Schubert. Os dois se admiravam bastante, mas Beethoven extrapolou todos os níveis de excelência nos níveis de composição e ele dá origem a um novo movimento. Pode-se dizer que Haydn e Mozart fundaram o Classicismo, porque a música clássica pode ser chamada, também, de erudita. Ela tem o período clássico, que foi fundado por esses dois compositores e, depois, Beethoven é fundador de um novo movimento, uma nova tendência musical, que seria o Romantismo.
A música que você está ouvindo, “Imperador”, integra o período do Romantismo, Beethoven era um entusiasta da Revolução Francesa, das ideias Iluministas, mas ele se decepcionou muito quando viu o que efetivamente aconteceu, que a ideia da Revolução, de tirar a nobreza do poder era algo muito bonito e vinha trazendo poder para o povo, mas no final o que acabou acontecendo foi que um ditador tomou o poder e acabou concentrando nas mãos de uma pessoa só, causando guerras.
Esse período em que ele compõe está música, Pastoral (que recebe o nome pelo fato de ele voltar ao campo, uma negação ao poder vigente, ele se volta a um grande movimento romântico da Alemanha, de retorno ao campo, muito defendido pelos próprios conservadores que também não viam com bons olhos o que vinha da França e o próprio movimento industrial que surgia na época. Inclusive, este foi um momento em que os conservadores se alinham com os cuidados ao meio ambiente. Desta fase surge tanto “Pastoral” quanto “Imperador”).
Isso foi apenas uma introdução ao que a gente vi falar hoje, que não tem uma ligação direta com este assunto. O que vamos falar hoje tem mais relação com o que falamos na semana passada, sobre problemas reais.
Expliquei que existe os problemas reais, aqueles que a gente precisa efetivamente resolver, e existe aqueles problemas que a gente cria na nossa cabeça, e que são a maior parte dos nossos problemas, aqueles que efetivamente a gente cria e que não precisa de uma ação, inclusive, quando se para de pensar nele ele acaba.
Os problemas que as pessoas tem criado e ampliado é a questão da busca pela saúde. Então criou-se um movimento de uns anos pra cá, com reforço da própria indústria de itens saudáveis, como se existisse um mundo melhor que seria o mundo saudável, algo com uma dualidade, um paraíso a ser alcançando para quem tiver a saúde mais plena.
E saúde plena não necessariamente significa felicidade. Ela é algo natural, ela é o normal que expressa o bom funcionamento, a doença e o desequilíbrio é a demonstração de que algo não está indo bem, que há uma incoerência ou uma prática que não está sendo benéfica para o seu corpo. Mas isso não necessita de um cuidado permanente, que volta mais uma vez a criação de um problema irreal, em que você fica pensando que alguma coisa em relação ao seu corpo ou o que você não comeu ou por não ter ingerido uma determinada sequência de frutas é o que tem causado, muitas vezes, algum mal estar existencial.
Há esse movimento pela saúde, uma busca excessiva e doentia. Muitos no yoga tem cuidado com a saúde, mas uma coisa é ter cuidado e observar as consequências de uma determinada ação (como um torcicolo em decorrência de uma má postura, e que você corrige posteriormente), mas se a cada momento você ficar observando excessivamente cada alimento ingerido (como o PH da água, a composição da fruta, entre outras coisas). É interessante ser ter uma lógica dentro das nossas escolhas, mas a minha chamada para a atenção aqui é para a paranoia de se criar um problema maior do que é se a espera pela saúde perfeito como se fosse alcançar o reino dos céus.
A saúde, quando desequilibra, acaba sendo um sinal, a doença é um sinal do corpo e é algo que merece atenção, mas ele não necessariamente precisa de uma atenção prévia. E se você faz isso sempre, certamente terá uma doença, que é a neurose, uma preocupação excessiva com algo que o corpo não está demonstrando. O corpo se mostra saudável num processo natural.
Então, cuide da sua saúde, observe os sinais que o corpo dá, mas não espere que a saúde perfeita te traga a libertação, a kaivalya e o paraíso.
Uma boa semana e até a próxima.
Ohm Namah Shivaya!
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