Porque não morarei numa comunidade.
Este episódio tratará da ordem espontânea,um fenômeno que permite que a ordem se estabeleça no caos.
LINKS
- Playlist da série – Perfil do Instagram da série
- Podcast sobre a evoluçao das moedas
- Depoimentos de quem viveu em Kibbutz
Transcrição
POR QUE NÃO VOU MORAR NUMA COMUNIDADE
Diferenciar morar em um lugar tranquilo de morar numa comunidade que possui suas próprias regras e até seu próprio dinheiro.
Falando em morar tranquilo, a música de hoje é de Sibelius, o gênio da Finlândia, tocando uma música que leva o nome do seu país, onde vivia isolado da sociedade, mas sob as regras que sempre protegeu. Com vocês, Finlandia, obra de Sibelius.
A ideia desse podcast é fruto de uma conversa com uma amiga minha que estava indo passar um tempo numa comunidade onde as pessoas trabalhavam para estar no local e não havia dinheiro circulando, cada um trabalha no que sente que tem mais vocação e todos dividem o que foi produzido.
Ideias que surgem como alternativa da organização natural que foi desenvolvida ao longo da História e que deram origem às cidades e interações comerciais tais como temos hoje já foram tentadas em outras épocas e falaremos mais pra frente dos famosos Kibbutz que foram sistema de igualdade entre os moradores que havia em Jerusalém desde a década de 50 em Jerusalém.
Uma coisa que não é levada em conta é que esses sistemas não foram pensados por ninguém, eles surgiram como algo espontâneo, tal como as línguas.
As línguas não foram planejadas por ninguém, elas surgiram da interação de bilhões de pessoas que interagindo fazem a língua se desenvolver. Alguns intelectuais já tentaram criar línguas modernas como o Esperanto, o destino é o mesmo dessas comunidades que tentam refazer sistemas e tentar criar algo melhor que milhões de pessoas vem tentando a milhares de anos, o destino é o fracasso.
Pois ninguém é capaz de aprender uma quantidade infinita de conhecimento, cada pessoa possui um
Criticar qualquer sistema e imaginar que construir outro para colocar no lugar, é uma arrogância, que não leva em conta que todo os sistemas que foram construídos voluntariamente pelas pessoas possui uma inteligência, que é impossível de ser analisada por uma mente, por mais brilhante que seja. William Burke, era um político do partido mais socialista na Inglaterra. Ele esteve na França, durante o período da Revolução, 1889 e retornou à Inglaterra revendo sua posição política, pois pode prever quais seriam os próximos passos da Revolução.
Burke captou o que foi chamado pelo economista da escola Austríaca Friedrich Heyek de Ordem Espontânea, decisões, costumes, crenças, não são fruto de um grupo superpoderoso que determina o que a população vai pensar. A Ordem espontânea é o resultado de cada decisão humana que traz junto decisões passadas que nos fizeram chegar até aqui.
Quanto mais livres os indivíduos puderem tomar suas decisões, sem imposição de punições ou violência, mais próxima da vontade individual estará o rumo da história.
A constituição da família, não se deu por coação, mas por cada decisão que as pessoas foram tomando ao longo do tempo e vendo mais vantagem em organizar sua vida em torno de um grupo familiar do que os outros sistemas que surgiram e que foram descartados.
Isso não significa que nenhuma norma da sociedade possa ser mudada, a história está aí para mostrar que os costumes mudam.
O perigo que existe é alguns considerados ou auto nomeados mais sábios, apontam falhas nas normas da sociedade e sugerem mudanças.
Quando essas mudanças são produzidas pelos argumentos, sem imposição de qualquer tipo de punição, o próprio sistema de uso do mais conveniente irá manter a ideia ou descartá-la com o tempo.
O perigo está quando uma “nova forma de viver” é proposta. Essas propostas não conseguem conceber todas as variáveis que fizeram as pessoas agirem daquela forma. Imagine que uma das propostas da comunidade seja que uma criança não é propriedade da mãe, nem do pai, mas daquele grupo que compartilha os mesmos ideais. Será que o sábio que propôs isso, concebe conceber todas as variáveis que fizeram o homem ao longo dos seus 70 mil anos chegar a conclusão que criar uma criança com duas pessoas responsáveis é melhor para a criança e para a comunidade?
A comunidade considera o dinheiro o mal do mundo, pois vê todos os horrores que o Homem cometeu ao longo da História na busca desse vil metal.
Então ela decide criar sua própria moeda que circula dentro da comunidade.
Será que os sábios que criaram as regras da comunidade conseguiram conceber toda a Evolução da Moeda que discorremos no Podcast #97 desde que as pessoas usavam grão para favorecer as trocas?
Para uma comunidade existir, por mais que na teoria, tudo seja pelo bem comum, no fundo, tem alguém tendo mais vantagens que os outros. A natureza não consegue igualar sistemas complexos como as interações humanas, pois somos frutos de variáveis incomensuráveis.
Em Planejamento Central Ludwig Von Mises dá um exemplo de como essa tentativa de igualar as interações humanas é impossível. Ele explica isso, dizendo que a igualdade só existe na cabeça de quem pensa nesse tipo de sistema, pois quando essas ideias tem que ser implementadas na prática elas falham, pois a natureza é imperfeita. Misses fala do exemplo de uma comunidade em que todas as casas são iguais, mas um morador começa a reclamar, pois ele quer pegar o sol pela manhã, como resolver isso, sem criar regras que vão piorar ainda mais a situação. Como dividir igualmente frutas, se cada uma é diferente da outra?
Esses problemas, não são pensados por quem vê que há falhas no sistema atual e simplesmente propõe uma solução, sem levar em conta tudo o que já foi tentado.
O caso dos Kibutz de Israel mostra bem os problemas que este tipo de experiência produz, a ideia é que o Kibbutz seria uma comunidade auto suficiente que produziria seus próprios bens e eles seriam igualmente repartidos na comunidade. Busque Kibbutz no Youtube e você verá o depoimento de pessoas que falam como era ruim morar por lá, Havia muitos conflitos, pois se alguém queria descansar em determinado momento isso poderia prejudicar o outro que queria trabalhar e isso fazia com que o clima da comunidade fosse péssimo.
No final, mesmo no Kibbutz alguém acabaria tendo mais benefícios que os outros. Assim como George Orwell mostrou em A Revolução dos Bichos, na qual os porcos tomam o poder dos fazendeiros e inicialmente propõe que todos os bichos receberiam as mesmas coisas,mas com o tempo os porcos acabam controlando tudo e tendo muito mais vantagens que os outros.
Na prática, um grupo melhor organizado, acaba tendo de uma forma ou de outra, mais benefícios que os demais.
Numa sociedade, pelo menos o que precisa ser feito para se obter mais benefícios é uma coisa clara, fruto da Ordem Espontânea, em que a partir de trocas voluntárias, quem gerar mais valor nessas trocas, fica como prêmio com mais valor financeiro. O excedente poderá ser usado por ele livremente.
Como será a escolha do melhor quarto numa comunidade onde todos têm as mesmas propriedade, obrigações e direitos. Como a comunidade resolverá o dia em que um membro revogar uma casa que pega mais sol que a dele?
Como igualar o esforço e o quanto cada um poderá usufruir dos recursos da comunidade?
E se um dia, um membro achar que seu prato tem menos comida que o do outro?
Será que isso foi pensado?
Ou simplesmente percebeu-se a crueldade das diferenças de vida entre as pessoas e se propôs uma ideia nova que nunca foi pensada antes,pois as forças que controlam o mundo não permitem que as mudanças aconteçam e que os menos favorecidos tenham vez?
Voltando ao Burke,o que ele previu, foi que os intelectuais franceses como Rousseau, Victor Hugo e outros, não estavam conseguindo prever é que se retirassem, as crenças que a sociedade tinha em Deus, algo intangível que todos respeitavam e temiam, mas que não é humano, o que substituiria isso no imaginário?
A prática, é que no lugar, colocou-se outro ditador, mas agora com ainda mais poderes, nem mesmo o intangível estava acima de Napoleão e ele sendo humano e com poder ilimitado, foi responsável por atrocidade e milhões de mortos. A Revolução Francesa é ensinada nos colégios brasileiros, como um grande marco do poder do povo. Na prática o que aconteceu, foram intelectuais, criando uma ideia de hegemonia de pensamento da sociedade e colocando-se como a vontade do povo, conduziram um ditador com poderes ilimitados. Promoveram a morte em praça pública de milhares de pessoas que não concordavam em abandonar suas crenças e por isso, em pró da racionalidade enciclopedistas, essas pessoas mereciam morrer.
Em Homo Deus, há um trecho que Harari, fala que quando um governo cai, nunca uma massa desorganizada é capaz de ocupar esse espaço, mesmo que na prática, um grupo pode-se dizer a vontade do povo,é sempre o grupo mais organizado e que no final,irá trabalhar por benefícios individuais.
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