O Vinyasa Yoga
O Vinyasa Yoga é um dos métodos de Hatha Yoga mais praticados no ocidente atualmente. Muitos acreditam que o Vinyasa é um método vigoroso, onde há necessidade de condicionamento físico prévio para início da prática. Na verdade, a prática de Vinyasa é para todos e pode sim ser dinâmica e estimulante, mas pode também ser suave e restaurativa.
Vinyasa vem do sânscrito vi (de forma especial) e nyasa (colocar, dispor). Além de representar um método de Hatha Yoga, Vinyasa também significa a transição feita entre posturas e todo movimento contabilizado para entrar e sair de cada postura. Por exemplo, para entrar na postura do triângulo – Trikonasana – partindo de Tadasana, você precisa de dois vinyasas, um para inspirar afastando os pés e alongar os braços na altura dos ombros e o segundo para exalar descendo lateralmente até que sua mão toque sua canela, o chão, um bloco ou você possa segurar o dedão em gancho com os dedos indicador e médio. De qualquer forma, em todas as três aplicações da palavra, Vinyasa une todo movimento corporal com a respiração.
Sri Tirumalai Krishnamacharya (1888 – 1989) foi o responsável por difundir este método desenvolvido especialmente para as pessoas que buscam um caminho espiritual sem abdicar da vida em família (grihastha). Pais de família e donos de negócios, não tendo muitas horas por dia para se dedicar às práticas espirituais, como era costume para os sannyasi (aqueles que renunciam todo interesse nos bens materiais, prazeres, vida familiar, personalidade e vida social dedicando exclusivamente a libertação mental das condições mundanas), se beneficiam da busca espiritual através de uma prática que compila todos os principais passos de uma prática completa em poucas horas. Três pontos de atenção (tristhana) durante a prática contribuem para tal fator – Respiração, pontos focais (drishtis) e posturas (asanas). A aplicação de Tristhana promove a purificação do sistema nervoso, mente e corpo.
– Respiração – Além de associar movimento a respiração, a prática é feita produzindo um som na respiração através de uma suave contração na glote assemelhando-se ao som do Ujjayi Pranayama.
– Drishtis – Toda postura é associada a um ponto focal, que em sua maioria encontra-se no próprio corpo do praticante. São eles: nāsāgre = ponta do nariz; añguṣṭhamadhye = Dedão da mão; bhrūmadhye = entre as sobrancelhas (terceiro olho); nābicakre = umbigo; ūrdhvadr̥ṣṭi = para o céu; hastāgre = topo da mão; pādayoragre = Dedos do pé; pārśvadr̥ṣṭi = para o lado
– Asanas – Neste ponto estão incluídas as posturas físicas e os Bandhas – Mula Bandha, a contração do períneo e Uddiyana Bandha, a sucção do baixo ventre.
Os três pontos de atenção descritos contribuem para a concentração (dharana) do praticante e, por isto, o Vinyasa Yoga é conhecido como meditação em movimento.
Dentro da prática de Vinyasa, também é utilizada uma transição entre posturas que pode ser feita através de um Vinyasa completo (com 9 Vinyasas como no vídeo abaixo) ou meio-Vinyasa (chaturanga dandasana – urdhva Mukha Svanasana – Adho Mukha Svanasana) onde você parte de uma postura e retorna a mesma, configurando um ciclo completo. Os Vinyasas são executados entre as posturas para manter o corpo lubrificado e aquecido, facilitando a expansão da respiração e a flexibilidade; treinar a força e limpar possíveis desalinhamentos ocorridos devido a última postura realizada.
Vinyasa Krama significa caminhar passo a passo para se atingir um objetivo final. As sequências de posturas são estabelecidas de forma a preparar o corpo e a mente para as posturas mais difíceis, traçando um caminho de desenvolvimento crescente durante uma única prática e ao longo da vida do praticante. O foco na respiração, que é constante durante toda a prática (e também na vida), contribui para o reconhecimento do caminho como mais valioso do que o objetivo final. Durante a prática de Vinyasa, as posturas não são sustentadas por longos períodos, remetendo a natureza temporária das coisas.
“A ideia central do Vinyasa Yoga é mudar a ênfase da postura para a respiração… A única coisa permanente na prática é o foco constante na respiração” Gregor Mahele
Este ponto central no transitório, tirando os holofotes do objetivo final, torna a prática acessível a todos quando cada Vinyasa é executado com a mesma dedicação dada aos asanas. Não só por respeitar a evolução individual de cada um na execução de ásanas, e a progressão na prática, mas também os próprios Vinyasas podem ser ajustados para atender a limitações físicas permanentes ou temporárias.
Assim como o Yoga de forma geral, Vinyasa não acontece somente no tapete. Basta observar os ciclos naturais – do começo ao fim retornando ao ponto inicial, como a volta do planeta no eixo em 24 horas ou a volta ao sol em 365 dias, as marés influenciadas pela lua, o ciclo da vida, ou até mesmo de uma única respiração.
E eu espero que você possa apreciar e honrar seus ciclos com a mesma graça, força e consciência que usa para desempenhar um Vinyasa no tapete.
Respire, entregue-se e tenha fé.
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